
que buscam a profecia poética e o discurso prosaico. Escrever é aprisionar-se e querer estar preso por vontade.
É servir a quem busca saciar a sede de palavras.
Escrevo para certificar a cor do orgasmo que todos os dias procura sair da memória em busca do encontro
erótico com o papel. Escrevo para "gozar no papel" e a lesma "gosmar na gente", como faz Manoel de Barros.
Escrevo por genuíno erotismo porque a linguagem é corpo.
Escrevo porque uma força epifânica e intensa me leva ao paraíso e ao mesmo tempo ao inferno de Dante.
Escrevo porque tenho a paciência de Virgílio e a esperança de Penélope na busca da completude lírica.
Escrevo porque navergar é preciso. Escrevo porque não sou nada e tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Sonhando eu posso lutar com as palavras que me acariciam em doce regozijo. Escrevo porque sei que terá
sempre um leitor com sede de metalinguagem. Sempre haverá alguém que virá às minhas páginas em busca de
pão e fonema. Escrevo para fazer as palavras ocas boiarem no alguidar e depois selecionar o ínfimo para
sentir-me grande no ato da crítica que é metalinguagem, ao estilo de João Cabral de Melo Neto.
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