Melancolia
Ultimamente tenho estado ausente demais, ausente das pessoas,
ausente da família, ausente da realidade, ausente da sanidade e profundamente
ausente deste mundo. E essa sensação de indiferença com tudo e todos me
completa a cada dia, não que eu queira, é algo que não parte de mim, mas que se
encontra em mim é um ato involuntário.
Lembro-me da época em que eu me perdia em gargalhadas com os
meus amigos, hoje me perco também, mas em pensamentos, sentimentos e devaneios.
Estando só ou acompanhado ainda assim me pego vagando, às vezes pensando em
algo que eu sei que nunca irá acontecer. Logo reponho-me, fico tímido, rezando
para que as pessoas ao meu redor não tenham percebido a minha rápida viagem, tudo
isso para que elas não se sintam ignoradas, não é isso, mas algumas pessoas já
me julgaram erroneamente por isso, e também para que eu não tenha que ficar me
justificando, sempre tem alguém querendo saber demais, querendo ser dono dos
meus pensamentos.
Nesses dias de chuva e muito frio a solidão tem sido cruel
comigo, cada um sabe dos seus fantasmas, das suas dores, e de suas necessidades
que em meio ao tempo vago tornam a nos assombrar, é incrível, basta apenas um
momento só, um momento de vazio, para que os pensamentos transbordem e junto
com eles venham às lembranças acarretadas de boas e más sensações, sensações
destas que pesam, que nem sempre são agradáveis e bem-vindas.
Todo dia eu enfrento uma guerra contra a minha querida
melancolia, mesmo estando feliz a dor e a tristeza me assola, e às vezes mesmo
sem ter algum motivo aparente, talvez seja a dura realidade que enfrento hoje,
a realidade de estar matando um sentimento que ainda esta tão vivo, tão cheio
de força, e são nesses momentos de melancolia que acabo olhando um pouco para
trás, eu sei que é meio covarde isso, mas às vezes olhar para trás é mais fácil
do que encarar o que vem pela frente.
Às vezes me sinto como se houvesse uma corda em volta do meu
pescoço. E cada vez que digo que estou bem, quando na verdade não estou essa
corda fica mais e mais apertada, até sufocar-me. Hoje em dia encontrar alguém
que você confie e que esteja disposto para te ouvir desabafar não é fácil, e
enquanto isso você segue, igual a uma panela de pressão, sem saber até quando
vai suportar.
Nesses momentos que é inevitável não sentir saudades da
infância, quando a gente é criança estamos sempre debaixo de todo um carinho,
que nos traz a sensação de sermos especiais.
Hoje a única sensação boa que sinto é quando leio os meus
livros, e eles me transportam para uma nova vida, uma nova história, mil vezes
mais prazerosa do que toda essa “melancolia”.
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